sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Para Pensar...

O Cálice das Pérolas

Era uma vez...
As histórias maravilhosas começam assim.

Não importa o tamanho delas, se começam por era uma vez, são sempre maravilhosas.
Pois era uma vez um homem. Um homem pobre que, de precioso, só tinha um cálice. Nele, ele bebia a água do riacho que passava próximo a sua casa. Nele, bebia leite, quando o conseguia, em troca de algum trabalho.
Era pobre, mas feliz. Feliz com sua esposa, que o amava. Feliz em sua pequena casa, que o sol abraçava nos dias quentes, tornando-a semelhante a um forno. Feliz com a árvore nos fundos do terreno...
Saía pelas manhãs em busca de algum trabalho que garantisse o alimento a ele e à esposa, a cada dia.
Assim transcorria a vida, em calma e felicidade. Nas tardes mornas, quando retornava ao lar, era sempre recebido com muita alegria. Era um homem feliz. Trazia o coração em paz, sem maiores voos de ambição.
Então, um dia... Sempre há um dia em que as coisas acontecem e mudam o rumo da história. Pois, nesse dia, nem mesmo sabendo o porquê, uma lágrima caiu de seus olhos dentro do cálice. De imediato, o homem ouviu um pequeno ruído, como de algo sólido, que bateu no fundo do recipiente. Olhou e recolheu entre os dedos uma pérola. Sua lágrima se transformara em uma pérola.
Então, o homem pensou que poderia ficar muito rico se chorasse bastante. Como não tinha motivos para chorar, começou a criá-los. Precisava se tornar uma pessoa triste, chorosa, para enriquecer.
Com o dinheiro da venda das pérolas, pensava comprar lindas roupas para sua esposa, uma casa mais confortável, propriedades, um carro. E assim foi. Ele começou a buscar motivos para ficar triste e para chorar muito. Conseguiu muitas riquezas. Ele poderia tornar a ser feliz. No entanto, desejava mais. As pequenas coisas que antes lhe ofertavam alegrias, agora de nada valiam.
Que lhe importava o raio de sol para se aquecer no inverno? Com dinheiro, ele mandou colocar calefação interna em toda sua residência.
Por que aguardar os ventos generosos para arrefecer o calor nos dias de verão? Com dinheiro, ele pediu para ser instalado ar condicionado em toda a sua casa. E no carro e no escritório que adquiriu para gerir os negócios que o dinheiro gerara.
E a tristeza sempre precisava ser maior. Do tamanho da ambição que o dominava. Nunca era o bastante. Os afagos da esposa, no final do dia e nos amanheceres de luz, deixaram de ser imprescindíveis. Ele não podia perder tempo. Precisava chorar. Precisava descobrir fórmulas de ficar mais triste e derramar mais lágrimas.
Finalmente, quando o homem se deu conta, estava sem esposa, sem amigos. Só... com seu dinheiro, toda sua imensa fortuna.
Chorando agora, estava tão desolado, que nem mais se importava em despejar o clique das lágrimas no cálice. A depressão tomara conta dele e nada mais tinha significado.
A história parece um conto de fadas. Mas nos leva a perguntar quantas vezes desprezamos os tesouros que temos, indo à cata de riquezas efêmeras.
Pensemos nisso e não desperdicemos os valores verdadeiros de que dispomos. Nem pensemos em trocá-los por posses exageradas. A tudo confiramos o devido valor, jamais perdendo nossa alegria.
Haveres conquistados à troca de infelicidade somente geram infelicidade.


(O Caçador de Pipas, cap. 4, Khaled Hosseini)

OBS. DO DAN: O texto é grande. Para preguiçosos como eu, dá uma vontade de não ler... Mas aí, vc começa a ler e se apega à história de uma maneira... que vai, sem nem perceber, até o fim. E começa a pensar na moral da história. É o que a gente vê no dia a dia, todos os dias. Gente perdendo a cabeça por dinheiro, por fama, por notoriedade. E depois, quando a ficha cair, talvez seja tarde demais. Talvez não dê pra voltar atrás e recuperar as preciosidades que deixou no caminho... Que sirva de alerta pra todos nós!
Obrigado, teacher Joana. Mais um lindo e verdadeiro texto com que vc me presenteia e que eu divido com o pessoal do blog. Thankssssssss! Bjs, lindona.
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Francine...Ela é a dona do jogo

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